domingo, 19 de junho de 2016

A criança que um dia fomos.

Existe um ser que frequentemente temos esquecido. Esse ser é a criança que cada um de nós foi, que nos proporcionou os melhores dias da existência e a quem devemos grande parte do que agora somos.

Podemos pensar que o adulto é a continuação da criança. Na vida adulta, quais são os que tributam a homenagem de seus sentimentos a essa criança que só vimos com os olhos da inocência? No entanto, quanto suaviza os duros transes da vida a evocação dessa terna idade, sobretudo quando devemos cruzar caminhos infectados de perigos!                                         
                                                                       
É necessário recordar a criança que um dia fomos

Quem pensa nessa criança e a contempla através de suas recordações, observando-a em suas brincadeiras, em seus pensamentos, em suas inclinações e em sua inocência, verá quanto tem a aprender com ela e quanto lhe deve. Mais ainda: quanto deveria conservar daquele pequeno ser para que hoje, grande em tamanho e em idade, lhe seja permitido pelo menos experimentar algumas daquelas inocentes, porém gratas sensações que deram à sua vida as melhores horas.

Seria bom que cada um recordasse essa criança. Que a recordasse muito, porque nessa recordação vai implícito o enlace da atual existência com a que se foi, pois o esquecimento destrói não só o vínculo que as une, mas também a própria sensibilidade. 

Se esquecemos nossa própria criança, esqueceremos também o jovem e, sucessivamente, o que temos sido em cada idade. Assim se irá esfumando no esquecimento, sem que sintamos, lentamente, toda a nossa vida.

São muitas as reflexões que acodem à mente quando a recordação converge para a criança; mas é necessário evocá-la com frequência, para que nos inspire coisas sobre as quais até aqui não havíamos pensado.

Com base nesse conceito,  Eu não tenho a mínima vontade de crescer. Se isso dependesse de mim, seria uma eterna criança, como peter pan, entende? Crescer é difícil, complicado, confuso, conturbado, bagunçado, diferente. Junto á um corpo novo e uma nova forma de raciocinar vem as responsabilidades, os desejos, as inseguranças, os medos, as expectativas, as decepções, as superações, os limites, as metas, as escolhas. Quando menos se espera voce já se encontra pregado aquela rotina de trabalho, casa, diversão, amores não correspondidos, dificuldades de convivencia, filhos, marido, esposa, trabalho, escola dos filhos e assim vai, logo voce já envelhece. Muitas vezes morre de velhice, outras, de doenças que vão te consumindo. Crescer, em si é bom, mas ser eternamente criança é uma opção, que se existisse, com toda a certeza seria a minha escolha sem pensar duas vezes.

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