O clima do nosso planeta, deste belo planeta que Deus fez, é a grande preocupação do momento atual. Mas falemos um pouco do clima do mundo, do mundo que os homens fizeram.
Apesar de tanto já se ter escrito sobre a
família, nossos sentimentos estão sempre a nos exigir uma reflexão a mais. Que
outra reflexão, porém, poderíamos adicionar às análises já conhecidas, aos
tantos artigos lidos, às considerações e comentários espalhados pelo mundo?
De várias fontes nos chega, com alguma
frequência, a declaração de que a família se encontra mesmo em decadência.
Afirma-se, até, que estão surgindo novos padrões, outros modelos, opções mais
modernas, configurações mais satisfatórias, tudo em obediência aos chamados
“novos tempos”.
De nossa parte, seguimos indagando se, de
fato, a universal e milenar instituição da família estaria em decadência. Ou se
decadentes estariam, mais propriamente, os valores da cultura atual, do
Ocidente e do Oriente, que já se mostram incapazes de manter de pé a família
que os terráqueos puderam um dia conceber, instituir e amar. Noutras palavras,
não seria a propalada decadência um reflexo da desorientação em que mergulharam
homens e mulheres da atual civilização, ensejando problemas de contornos
colossais para a manutenção dos seus valores não-materiais?
A mente concorda com o coração quando este
diz a ela que família é, sobretudo, exercício do afeto; que família é, mais que
tudo, aprendizado e ensino do amor. Dois seres, por atração física e afetiva, e
por afinidades diversas, se aproximam, se vinculam e chegam a conceber a
possibilidade de uma união estável. Nessa estabilidade deverão apoiar seus
passos futuros, se quiserem suportar com êxito os trabalhos e os sacrifícios
que uma família demanda, em compensação das mil vantagens e venturas que ela
oferece, quando bem estruturada. É nesse ambiente de conciliação entre duas
dimensões da existência humana, a dimensão coletiva e a individual, que os
sentimentos podem ser cultivados. De fato, é no amor dos pais, entre os pais e
aos pais, assim como no amor de irmão a irmão, que se aprende a amar a Deus e
aos semelhantes. Em se tratando de amor, ainda não se inventou nada igual, nada
sequer parecido...
Se aprofundarmos nossa análise,
constataremos que a origem da instituição familiar não é humana. O homem não
inventou a família. Ela lhe é preexistente, podendo ser vista entre os animais,
as plantas, em diversas moléculas da vida animada. A mesma sentença está
escrita no reino mineral, e está escrita inclusive no firmamento, pois que os
astros também estão organizados em famílias. A família constitui, portanto, uma
instituição universal, sobrepondo-se aos valores de culturas e civilizações,
guardando bem nítido, em todos os tempos e lugares, o selo de sua origem
divina. Ao homem, isso sim, por sua condição de ser inteligente e consciente,
coube a tarefa de conceber, instituir e manter a organização familiar humana, à
luz do princípio universal.
Hoje em dia, quando mais e mais pessoas e
povos se preocupam profundamente com o clima do planeta, caberia dizer que o
clima do homem, que o clima espiritual do mundo, depende em tudo do clima
familiar. As relações sociais são uma derivação das relações familiares, assim
como as relações mantidas no ambiente familiar se refletem no comportamento do
indivíduo consigo mesmo e com as pessoas em geral. Famílias bem estruturadas e
bem constituídas fazem confiar num mundo assim, bem estruturado e bem
constituído, um mundo melhor.
Especificamente sobre os cabeças da
família, não podemos perder de vista que a ideia conjugal está presente no ser
humano por própria reação das forças criadoras e sustentadoras da espécie.
Conclui-se, por conseguinte, que todos nós levamos impresso no sangue o mandado
supremo da perpetuidade, e é justamente na família que esse mandado se
materializa.
A exemplo do que acontece com tudo dentro
da Criação, também a instituição familiar guarda aspectos transcendentes e
significados evolutivos que ainda precisamos estudar e compreender. Não vamos
reduzi-la à ideia – defendida por uns, contestada por outros – de uma simples
união de dois seres sob o mesmo teto. Tampouco esqueceremos que o que é
normal para uma época nem sempre é normal para a vida. Ainda que a cultura desmorone,
ainda que os valores dessa cultura morram, a família continuará existindo em
seu arquétipo universal e eterno, como um convite permanente cuja existência
não depende do clima da terra, nem tampouco do clima do homem, do clima do
mundo.



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