Agressão: O Homem não se envergonha.
Uma e outra e milhares de vezes foram oferecidas ao homem inúmeras oportunidades para corrigir seus desvios e ajustar sua conduta às exigências lógicas de ser racional e culto, como deve ser por seu gênero e natureza. Mas, é bem comprovado quanto custa a ele desprender-se de seus hábitos e ideias, sobretudo se aderiram tanto à personalidade que quase não deixam lugar para que penetre um raio de esperança que modifique semelhante estado mental de obstinada resistência a toda mudança de vida que signifique alguma atividade à qual não estava acostumado. Quão poucos são os que se detêm para examinar a vida em todos os seus aspectos, dentro do quadro das perspectivas humanas. O só fato de que haja os que apresentem condições, virtudes e características próprias de um estado de evolução muito superior ao comum revela, até à inteligência mais medíocre, que existem dentro de cada indivíduo possibilidades insuspeitadas, mas nem por isso menos reais e dignas de serem cultivadas e levadas até o máximo, isto é, até alcançar sua plenitude. Não pense o leitor que desconhecemos a posição cética da maioria quando se trata de sugerir-lhe a necessidade de introduzir mudanças e novas normas em sua vida, nem tampouco que somos alheios à sátira ou espírito de troça que costuma apoderar-se dos que habitualmente tomam as coisas pelo rabo. Para eles, logicamente, não vai dirigida nossa prédica, ainda que ao final terminem por ser nossos amigos. O ser humano, tão original em sua psicologia, quando não entende instantaneamente uma coisa, prefere, por tendência natural, levá-la ao campo da ironia, pois é a forma corrente de disfarçar o curto alcance mental que muitos padecem sem saber.
O certo é que o que cada um poderia fazer em seu exclusivo benefício, sem que o tempo o pressionasse e na paz do trabalho, não o faz por confiar tudo ao acaso. Chega-se até a pensar que custa não poucos sacrifícios realizar um labor de superação ao qual não se está acostumado, como se as vantagens fossem para outros, os quais desfrutariam das conquistas internas e dos bens que outorga a fecundidade do conhecimento. assim, se lançam ao esquecimento as amargas experiências que tantas vezes a humanidade teve que passar no curso de sua história, por causa, justamente, de ter descuidado o cultivo dos valores humanos, que são – forçoso é dizer –, os únicos que podem manter elevado o prestígio da espécie. E sempre que tais valores deixam de preocupar o homem e, portanto, a sociedade, desaparece a consideração entre os semelhantes; a ordem existente se ressente e, para justificar omissões irremediáveis, se buscam as causas em tudo, menos na própria raiz do mal. aquilo que com uma altivez leonina se afasta e até despreza, depois se aceita de melhor grado, quando se está obrigado a acatar os piores tormentos e sacrifícios, como são os impostos pelas guerras. Deve estabelecer-se, pois, uma nobre e justa discriminação entre o que se refere à razão atuando com sensatez em favor do indivíduo e o que a força lhe exige ao entregá-lo como um dos tantos ao martirológio da barbárie. a humanidade deve compreender isto alguma vez. Tratemos todos que esse dia chegue o quanto antes e se haverá reivindicado seu nome ante os olhos da posteridade.

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